Há tempos que queria dar uma olhada nesse livro, principalmente porque nunca li nada de fantasia juvenil (um dos meus gêneros favoritos) que viesse da Itália.
E devo dizer que fiquei agradavelmente surpreendida.
A Garota da Terra do Vento é o primeiro livro da trilogia As Crônicas do Mundo Emerso.
Há um Inimigo que está conquistando todas as terras do mundo. A Terra do Vento, que ainda não foi conquistada, é o lar de Nihal, uma garota que, tendo perdido sua mãe cedo, é criada por seu pai ferreiro e adora lutar com espadas.
O início do livro cobre toda a infância de Nihal, como ela é a líder das crianças de sua cidade e como ela começa a aprender magia com sua tia quando é derrotada num duelo por Senar, um mago pouco mais velho do que ela.
Mas o idílio da infância logo acaba: o inimigo chega à Terra do Vento, seu pai é morto na sua frente e Nihal é obrigada a fugir com Senar e com sua tia para a Terra do Sol, onde há a última resistência contra o inimigo.
Eu achei que o livro fosse ser um segundo Alanna, mas é completamente diferente. Enquanto Alanna é uma guerreira muito boa que é idolatrada por todos – e o pior que sofre é um pouco de bullying na escola de combate por ser um “garoto pequeno”, Nihal sofre de um problema diferente: ela é realmente muito boa guerreira, e não sofre agressões porque sabe se defender muito bem. Mas a garota vai se fechando cada vez mais, especialmente depois que perde o pai e outros entes queridos na guerra, e quando finalmente ela é enviada para ser aprendiz de um cavaleiro, a reação dele surpreendeu tanto a ela quanto a mim.
Apesar de ser um livro destinado ao público juvenil, esse livro não tem soluções fáceis ou uma trama água com açúcar: Nihal passa por poucas e boas, aprende que guerra não é glória e depois aprende que guerra também não é só violência. Ao mesmo tempo, o livro segue o ponto de vista de Senar, o amigo mago de Nihal, e podemos ver Nihal de uma forma diferente.
Uma outra coisa que queria comentar foi a opção da tradução, que usou o “tu” do italiano e o passou para o português (tu sabes, etc). No italiano eu sei que o “tu” e o “vós” são usados de forma diferente dos nossos, mas de qualquer forma foi uma opção válida que não comprometeu em nada a história e inclusive deixou a trama com um aspecto mais formal. A única coisa que ficou foi a dúvida do que realmente é o Mundo Emerso: se é o continente onde eles vivem ou a terra misteriosa que Senar vai procurar. Não sei se foi problema de tradução ou se foi confuão da autora.
Esse é um livro muito bom, que devorei em questão de dias, e que recomendo a qualquer pessoa que curta o gênero. O segundo volume, que já existe no Brasil, é A Missão de Senar.